Páginas

terça-feira, 13 de abril de 2010

Fôlego de morte... Por Jeser Pires

Outro dia lendo uma de minhas anotações, uma frase se destacou: “Sustentar meu fôlego de morte”. Na sequência estava anotado minha interpretação: “No dia anterior renovei meus votos de entrega do “eu” fazendo a escolha de morrer para mim e viver para o Senhor”. Obviamente que estava anotado para ser lido novamente. Entendo o Espírito falando: Você precisar morrer mais e de novo.
O trocadilho “fôlego de morte” vem do fato que nossa tendência é sobreviver a todos percausos que a vida cristã nos conduz. Me parece que apesar do maior exemplo, todo sofrimento, entrega e morte de Jesus, permanece mais teórico que prático. Não queremos morrer. Toda nossa essência carnal batalha diariamente para não morrer. Há implicações nesta morte carnal. O Espírito quer proporcionar a todos filhos de Deus níveis profundos de revelação do alto, que somente virão, com excelência, em vasos de barro.
“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. 2 Coríntios 4:7
O apóstolo Paulo, ao dizer esta mensagem aos irmãos de Corinto, sabia o que significava ser um vaso de barro cheio dos tesouros do Espírito. Após um histórico de boa reputação, grande autoridade no meio judaico e alta posição social, passa a ser perseguido e desprezado pela comunidade intelectual e religiosa que antes o exaltava. Não somente isso, mas as prisões, açoites, privação de conforto e alimento, até naufrágios fizeram parte de sua trajetória como um desbravador do evangelho de Jesus. Impactar sua geração com o poder do Espírito nas palavras ensinadas por Jesus, implicava morrer para todo nível de conveniência e prazeres temporais.
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Coríntios 4:17,18
Esses tesouros eram tão valiosos para Paulo que consirava os episódios de perseguição como “leves e momentâneos” comparados a glória vindoura. O mesmo Paulo falou sobre o desafio de corresponder com este nível de morte da carne.
Romanos 8 fala sobre os filhos de Deus. Todos que são guiados pelo Espírito são filhos de Deus. O Espírito deseja produzir em nós as mesmas características de dependência que havia em Jesus, nosso irmão mais velho. Nossa tendência em “sobreviver” é uma tentativa da carne em manipular os frutos do Espírito que vêm com níveis de morte.
Alguns de nós, no dia a dia, se perguntam: “Puxa vida, estou neste emprego há quinze anos e nunca fui promovido. Sou bom funcionário, mas não tenho crescido na carreira como meus vizinhos. Isso é morte?” Ou ainda: “Toco bateria na minha congregação há 5 anos e nunca me escalaram para um culto especial.” Existem muitas razões no coração de Deus, como Pai, que não estão disponíveis para nós como filhos. Não é apropriado tirar conclusões das razões porque certas coisas acontecem ou não em nossas vidas. Mas é possível reconhecer as adversidades e, como filhos, depender do Pai com todo nosso coração rendido.
Jesus não merecia a cruz. Mas este foi seu destino. Este destino produziu revelação sobre uma geração de filhos à imagem do Pai. A ressureição e a vida passaram a fazer parte do destino da humanidade. Porém, no Getsêmani, Jesus precisou “sustentar o fôlego de morte” quando orou instantes antes de ser preso:
“Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” Mateus 26:39
Existe um Oleiro. Ele prepara os vasos de barro. Estes vasos são frágeis, não são tão belos, mas preparados para serem recipientes dos tesouros do Espírito. Deus decidiu fazer desta forma, para que a excelência do poder seja Dele mesmo e não de nós.
Jeser R. Pires

Nenhum comentário: